quinta-feira, 19 de março de 2009

Chapter 16


Porque sim


Tal como um dia te disse, « tens a puta da mania », e poderia até, descrever-te em várias palavras, várias qualidades, até indo mais fundo encontraria alguns defeitos, alguma coisa que em determinada altura me desiludiu até, poderia ser também 100% sincero, mas não o vou ser e tu sabes porquê, vou ser 90%.

E onde entraste tu na minha vida? Curiosamente, nas piores alturas, talvez

sejas – resumindo a uma palavra – uma amiga. Daquelas chatas, horrivelmente persistente, mas que é bom ter por perto. Dá aquela sensação que num passado tivemos uma historia qualquer sem final feliz, mas que, agora nos encontramos e após um longo período de tempos sem nos vermos, conseguimos agora nos suportar. Uma mão daria para contar as vezes que estivemos juntos nos últimos quatro anos, e talvez seja a coisa mais sexy em ti, conseguires captar, ou – para ser mais romântico – conquistar a minha atenção, a vontade de estar em contacto contigo, embora não fisicamente, talvez fosse esse o motivo desde sempre, nunca foi físico. Sempre foi qualquer coisa à distancia, platónica talvez, qualquer coisa sem ser preciso a presença física. Dei por mim a querer te ligar, querer contar alguma coisa que me aconteceu, boa, má, até coisas insignificantes, acho que após reflectir um pouco sobre o nosso “namoro sem sexo”, acho que posso dizer que és uma amiga, daquelas que falámos três horas ao telefone, e mesmo assim não nos apaixonarmos, ok, somos amigos, mas será que é normal os amigos falarem tanto assim? Cá para mim é só porque há chamadas grátis ou porque simplesmente não há mais nada para fazer, as noites são uma seca, não dá nada de jeito na televisão, bem, vamos lá falar umas horas ao telefone. O bom nisto tudo é que descobri que ainda és mais parva do que eu pensava, és super parva, qualquer coisa nos irrita mas que não conseguimos evitar.

Mulher de relacionamentos sólidos, baixinha, compacta, frágil, misteriosa, boa ouvinte, boa conversadora, menina de nariz empinado, capaz de ter oito momentos simpáticos em quatro anos, assim te defino.

Voltando atrás, ao tempo que eras minha patroa, que menosprezavas o meu trabalho, « eu é que te pago o ordenado », presumo que nunca me levaste a sério, eu era um básico, que perdia todos os teus confrontos de presunção. Tu, eras para mim a típica miúda que gostava de mostrar o seu belo sorriso para que tivesse a sua legião de fãs atras de si, não gostavas de ninguém, mas querias que gostassem de ti. Desde sempre me achei – não digo melhor – diferente de todos os outros que por ti ansiavam, suspiraram, não. Recusei-me a isso, mas um dia, uns phones fizeram com que eu gostasse um bocadinho mais de ti, um bocadinho só, qualquer coisa como even flow, penso. Podias ser tudo de mau, mas tinhas bom gosto, ao menos, « aquela miúda com ar frágil que pensa que quando distribuíram a inteligência ela estava em primeiro na fila, afinal, até tem bom gosto », pensei.

Apesar de todos os progressos que desde então, nunca te tive desde o inicio, talvez por isso nunca chegamos a fazer as coisas mais simples como ir tomar aquele café que duas pessoas tomam quando se conhecem, e ainda bem, pois poupou-nos de mentir, de dizer coisas que duas pessoas dizem quando vão tomar esses cafés. Nunca te imaginei minha, mas também nunca que te vi como mais uma, é contraditório mas verdade, e mesmo após me teres oferecido gentilmente um andante, e semanas depois teres andado uns bons quilómetros para estares com um tipo básico que não te dava pica, mesmo assim nunca passaste de uma coisa que teve quase a acontecer que na verdade, já havia acabado.

Imaginei-te umas quantas vezes como queria que fosses, como queria que tivesses sido, como queria que fosse diferente, e até muito lá no fundo imaginei como seria(mos), mas isso é talvez parte dos 10% que não te vou revelar, não seria apropriado.

Apesar, de nunca ter havido nada entre nós, tiveste o poder de me magoar, tu sabes que sim, nunca tão pouco por momento algum, demonstraste afecto por mim, mas soubeste magoar como se um dia tivesses sido importante, e daí então eu deixei de pensar em ti como pensava, montes de coisas correram na minha cabeça, o andante, a seca que um dia apanhaste para me fazer companhia, tudo isso foi apagado, tal como as mensagens que trocávamos diariamente.

Escrevo-te minha cara, não para tentar remexer qualquer coisa dentro de ti, não quero nem creio que o faça, quero com isto de certa forma valorizar-te da forma que fazes parte da minha vida, em que foste e agora és, com diferente intensidade, o que éramos numa vida, o que somos, e no que nos tornamos. Após este tempo todo, fico contente por te ver feliz, e por estares no caminho certo. Gostava um dia, de te encontrar noutra vida para te atacar mais vezes, e conhecer-te para ai aos 15 anos para poder ir contigo para trás dos pavilhões da escola fumar, e poder fazer-me as tuas amigas que certamente iam estar encantadas comigo, sim porque nesta vida, amigas tuas, é uma vaga promessa irrealizável.

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