sexta-feira, 20 de março de 2009

Chapter 17



sæglópur




Voltando atrás, aquele 2 de Junho, aquela Sexta-feira, foi talvez aquele dia que só de pensar ainda dá aquela dor na barriga. Eram 16h, estava eu em frente à Zara sentado, à tua espera, estava cheio de medo – confesso – pela primeira vez, tive medo da tua chegada, só pensava na última quarta-feira,onde te encontrei na fnac, onde te levei ao Atenas para comer uma francesinha e bebermos vinho verde, onde falámos dos beijos que se davam nos filmes, onde fizeste questão que eu pagasse a conta, e que após termos falhado quase todas as perguntas no quizz do amor, estavas tu em minha casa de camisola do fcp funcionando de pijama improvisado a ver-mos os dvd's de Depeche mode e Placebo. Lembro de tudo amor, lembro-me da história que me contaste enquanto estávamos deitados, de uma menina que gostava muito de um menino, que tinha muito medo que a vida levasse a oportunidade de um dia ela lhe dizer o quanto gostava dele, e perguntaste-me se me podias beijar na boca, ao que apenas – quase paralisado – acenei com a cabeça e aí senti pela primeira vez os teus lábios nos meus, e minutos depois já dormia-mos, e uma hora depois já estavas tu a acordar-me aos saltos na cama, com tanta felicidade, que disse, «foi o melhor acordar que alguma vez tive». Pensava eu em tudo isto enquanto estava sentado à tua espera, estava apavorado – olhava em volta – estava completamente impaciente. Apareceste por trás e disseste « búuu », e sem me dares tempo para o susto beijaste-me. Estavas ali, eras real, de calças verdes de balão, de sandálias e de camisola de alças, eras tu, a menina da história. Saímos de mão dada pela cidade e por momentos pensei que estava maluco, «ao segundo dia dar-te a mão?», pensei.


Celebramos os o nosso recém-amor ao passear pela bela praça de Coimbra, sem qualquer preconceito beijava-te, abraçava-te e riamos muito sem tão pouco haver piadas envolvidas, era a felicidade que – finalmente – chegou. Numa esplanada olhaste para mim, «estou tão feliz», disseste. Eram cerca das 19h e tinha que ir para o Porto, ia de folga, não queria, mas há um mês que não via os meus pais. Levaste-me a casa, até me ajudaste a fazer o saco, « dás-me uma boleia à estação?», perguntei, mas simplesmente nos beijavámos. Já deitados ainda me lembro da forma que enrolaste as tuas pernas nas minhas, como se gostasses mesmo de mim.

Recebeste uma chamada da tua irmã, tinhas que a ir buscar e já não ias poder-me levar à estação. Beijas-me e dizes, «Amo-te», fiquei paralisado, e tu dizes «é para te assustar e já agora compro uma escova de dentes para tua casa não?!», e soltas uma daquelas gargalhadas que tanto que te caracterizava. Eras perfeita, fazias-me rir como nunca alguém o fez. Já no comboio, enquanto trocava mensagens contigo, coloco a música problema de expressão como toque para as tuas chamadas, «sou tão ridículo», pensei. Não estava habituado a sentir estas coisas, «mas o que é isto?», pensava eu enquanto colocava o álbum Takk dos Sigur Rós que tinha-mos comprado na fnac, e não sei, mas por alguma razão quando estava a ouvir a música sæglópur é que me apercebi que eu e tu, tinha-mos começado a namorar.

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