terça-feira, 14 de abril de 2009

Chapter 21






Carta nº1



Querida Selena,



Escrevo-te porque hoje a seguir ao jantar, ao fumar um daqueles cigarros pós-jantar, aqueles cigarros que mais nos dão prazer, pensei em ti. Ao abrir a janela do meu quarto constatei pela bela luz lunar – estava lua cheia. Aquela lua que me apresentaste, a tua. Aquela que via-mos através da clarabóia do teu quarto, lembro-me dos cigarros que fumávamos após outras refeições. E esta lua que me observa agora, é a mesma que nos observou através da clarabóia – a tua lua. A lua que nos assistiu no bom, no mau, nus e vestidos.

Lembro-me de tudo cara Selena, das nossas, tão nossas conversas sobre a lua,e todos os seus mistérios. Lembro-me dos teus enormes olhos azuis que reluziam no escuro na noite em que te conheci, do teu longo e liso cabelo escuro – da forma que ele se abanava enquanto dançavas. Lembro-me até da primeira vez que entrei no teu harém, do cheiro do incenso que queimavas que quase se confundia com o cheiro da tua pele, baunilha certo? Como vês Serena, um cigarro pode despertar este tipo de coisas, este tipo de recordações. Já não te vejo à cerca de um mês, e como o prometido é devido, não nos vamos ver mais. Assim, vais ficar eternizada em mim, a minha deusa da lua – aquela que vês agora.


Escrevo-te para te dizer que não te esqueço – nem o vou fazer. Calma! Não teassustes, não te vou esquecer porque não o quero. Vivo bem sem ti, assim como tu sem mim. Mas aquela semana que passamos sob o abrigo da tua clarabóia, em que literalmente nos conhecemos a nu, foi das melhores coisas que me aconteceu. E por isso te escrevo, porque acho que não podemos apodrecer o que de tão invulgar e belo aconteceu – daí seguirmos a nossa vida paralelamente. Esta carta via email, é o meu agradecimento por tudo. Agora vem a parte sincera: Sinto a tua falta! De te ver nua a enrolar cigarros enquanto eu comia cerelac às 5h da manhã. De irmos fumar à tua janela e vermos o Mondego a apanhar os primeiros raios de sol, e Coimbra inteira sorria para nós. Sei que prometemos a nós que aquela noite seria a ultima mas será que não haverá uma ultima noite? É que tenho umas dúvidas acerca da lua, não me acredito que ela realmente controla as marés, e se estou errado, vais ter que o provar. Pois tem que haver algo de errado, dei por mim dias atrás quando estava no Porto a olhar para uma lua exactamente como aquela que via da tua cama. Será que ela é assim tão grande? E que tal vermos a lua do meu quarto? Ah, está arrumado, desta vez iria ser simples chegar à varanda do meu quarto sem tropeçares em nada. Fica o desafio...



Aguardo resposta tua, ou três toques na minha campainha – juro que abro.


Beijo,

Bruno


PS: Gosto de ti.


Coimbra – 20 de Maio de 2006

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